quarta-feira, 29 de abril de 2015

Alvis Stalwart 6x6 (7)



O Alvis Stalwart é um caminhão militar anfíbio construído pela britânica Alvis para o exército britânico. Foi usado ainda pela Austrália, Canadá, Sri Lanka e Suécia. Entrou em serviço no Reino Unido em 1966 para transporte geral de carga, e devido a sua capacidade anfíbia e alta mobilidade “off road”, foi o responsável pelo abastecimento de unidades em campo, mesmo em terrenos difíceis. Descende da mesma linhagem dos carros Alvis Saracen, Saladin e Salamandra.

Este veículo é construído em um chassi estanque que lhe confere capacidade anfíbia. O motor, um Rolls Royce à gasolina de 8 cilindros em linha, arrefecido à água, de 6,5 litros e 220 cv a 4.000 rpm, acoplado a uma transmissão de 5 velocidades; está alojado abaixo do compartimento de carga na parte de trás do veículo, tendo as caixas de transmissão montadas a sua frente. O compartimento de carga está fechado com um painel “drop down” de cada lado.



Mede 6,356 m de comprimento; 2,616 m de largura; 2.312 m de altura; 2 x 1,524 m de entre eixos; pesa 14 ton brutas, com capacidade de carga de 5 ton. O tanque de combustível comporta 455 litros, outorgando-lhe uma autonomia de 824 km. A suspensão é independente com barras de torção e 22 amortecedores hidráulicos. Possui 6 pneus 14.00 x20. A velocidade máxima em terra é de cerca de 64 km/h, pode superar trincheiras de até 1,52 m. 

O motorista fica acomodado no centro da cabine, tendo um passageiro de cada lado, com acesso por escotilhas circulares tipo "submarino" no telhado, e acesso com apoio nos pneus e degraus mais acima.



Pode carregar cinco toneladas no chassi e rebocar dez. É impulsionado na água por unidades de jatos de impulso vetorado, a cerca de 11 km/h (6 nós). O sistema de transmissão é complexo e carente de manutenção constante. Dezenove litros de óleo no motor, mais Onze na caixa de velocidades e cincoenta e seis de fluido hidráulico. Existem um ainda grande número de fluidos e lubrificantes necessários em todo lugar. Há selos, mangueiras, juntas, gaxetas e tudo mais, em mais lugares do que se pode imaginar, um verdadeiro pesadelo de manutenção e logístico.

O British Army removeu seus propulsores s quando se constatou desnecessária a manutenção da capacidade anfíbia, para reduzir peso e esforço de manutenção. 

Suas impressionantes qualidades “off road” se dão devido ao fato de não possuir diferenciais, utilizando em seu lugar engrenagens cônicas simples. A mudança de direção se dá como nos veículos de lagarta, com três rodas travando juntas e girando a mesma velocidade, dispensando muitas engrenagens de transmissão. A caixa de transferência possui uma unidade de travamento capaz de fazer as seis rodas trabalharem juntas como uma unidade.



Devido a este sistema de transmissão singular, este veículo exige treinamento especial a seus condutores, pois seus componentes são forçados a rodar a mesma velocidade mesmo em curvas, o que leva ao estresse e ruptura de componentes, quando dirigido com imperícia. Este veículo não pode ser conduzido em superfícies “duras” como asfalto ou pavimento, com riscos de danos a transmissão. Outro problema é que o veículo foi concebido para trânsito carregado, e rodar vazio causa desgaste prematuro da transmissão.



O FV620 foi o primeiro modelo. O FV622 Stalwart Mk 2 serve para serviços gerais. Tem uma tripulação de 2 homens, embora um terceiro assento possa ser montado à direita do condutor como uma modificação de campo. Também pode transportar 38 soldados totalmente equipados ou ainda 5 Ton carga. Seus propulsores aquáticos lhe conferiam uma  velocidade de 16 km/h. O FV623 Stalwart Mk 2 é um veículo de remuniciamento de artilharia. Tem um lugar extra na cabine para o operador do guindaste hidráulico ATLAS 3001/66 instalado na área de carga. FV624 é um veículo de reparação com um guindaste diferente do FV623.


 

domingo, 26 de abril de 2015

M24 Chaffee (6)



O M24 Chaffee foi um carro de combate leve desenvolvido para substituir o carro de combate Stuart da 2ª Guerra Mundial. Entrou em serviço em 1944 e experimentou ação nos meses finais da guerra. Atuou nas guerras da Ciréia e Vietnam em ações de reconhecimento e apoio a infantaria.

O projeto se originou da necessidade do US Army de um tanque leve com canhão de 75 mm, capaz de substituir os canhões de 37 mm do M3 Stuart. Experimentou-se a evolução do projeto do Stuart, mas logo se tornou claro que um novo chassi seria necessário. Possui 2 motores gêmeos Cadillac 44T24 de 8 cilindro e 110 hp cada, acoplados a uma transmissão hydramatic com 8 marchas a frente e 2 a ré. A suspensão é pelo sistema de barras de torção e possui cinco pare de rodas de apoio além das polias tratora a frente e tensora atrás, com três roletes de retorno, com motor montado na parte traseira. A produção totalizou 4.731 unidades. Foi artilhado com um apela de 75 mm M6 L/40, uma metralhadora 7,62 mm na frente e uma 12,7 mm uma torre.



O veículo demonstrou poder de fogo, velocidade e agilidade no campo de batalha, tendo como ponto fraco a blindagem, propositadamente mantida leve para conferir mobilidade superior, característica de um veículo de reconhecimento. Demonstrou ser um veículo de combate confiável e seu chassi serviu para um grande número de empregos como o obuseiro M37 de 105 mm e um modelo howitzer de 155 mm, entre outros. Construiu-se ainda o T9 e T13 como utilitários, O T23 e T23 além do T33 como transportadores, O T9 como Lâmina bulldozer e o T6E1 como veículo de recuperação.

Foi adotado por grande número de países aliados dos EUA. Pesa 18,4 ton; mede 5,56 m, tem 3 m de altura de 2,77 de altura; relação peso/potência de 16,09 hp/ton; pode transpor vau de 1,02 m e obstáculo de 0,92 com fosso de 2,44 m; e alcance operacional de 161 km. Foi substituído no US Army pelo M41 Walker Bulldog.






sábado, 25 de abril de 2015

Merkava MBT (5)



No mês de outubro de 1966 os israelenses receberam de forma discreta 2 carros de combate Chieftein para testes no deserto, visando uma modernização das forças blindadas do país judeu. Porém, mesmo depois dos testes realizados, a eclosão da Guerra do Seis Dias provocou por parte dos ingleses um embargo total na venda de armas a Israel. Outros países europeus já vinham mantendo embargo semelhante e Israel acabou com os EUA como único fornecedor. Sem escolha, os israelenses receberam nos anos seguintes quantidades significativas de blindados M-48 e M-60.


Sabendo das pressões que o mundo árabe exercia sobre os americanos para que este canal de fornecimento fosse estancado e temendo perder sua única fonte, os israelenses decidiram buscar a independência em relação ao resto do mundo neste quesito, mesmo sabendo que o caminho era longo e dispendioso, porém não havia outra forma de controlar seus destinos no que tange ao fornecimento e operação de carros de combate.




Desde sua independência, Israel mantinha oficinas em constante atividade mantendo e modificando carros de combate importados, fazendo veículos M-4 Sherman, Centurion, T-54, T-55 e M-48 se manterem em atividade muito além do que podia se esperar deles. Esta experiência duramente adquirida por necessidade de sobrevivência, criou as condições técnicas para a satisfação de uma necessidade estratégica.

Em 1967 iniciaram-se estudos pre-eliminares das características do novo carro, mas somente em 1970 veio a luz verde governamental para seu desenvolvimento. Liderados pelo General Israel Tal, um tanquista veterano de muitas campanhas, uma equipe de engenheiros esboçou as linhas mestras do que viria a ser o MBT judeu. O primeiro quesito considerado foi a segurança da tripulação, pois este país não podia se dar ao luxo de perder recursos humanos em combate, já que mantinha e mantem até hoje um efetivo de soldados-cidadãos, ou seja, devido a sua população pequena, seus combatentes eram os mesmos que em tempos de paz mantinham as atividades civis. Estatísticas apontavam a dificuldade de se abandonar o interior do tanque atingido sob fogo inimigo. O poder de fogo veio em segundo lugar, ficando a mobilidade como a terceira e menos importante característica deste novo tanque. O custo de desenvolvimento foi de US$ 65 milhões, sendo que os EUA contribuíram com US$ 100 milhões no desenvolvimento e produção. Em 1979 as primeiras unidades foram entregues a 7ª Brigada.




Desenhou-se uma silhueta muito baixa, com a torre reduzida a dimensões mínimas. O motor colocado a frente a direita, oferecia proteção extra, ficando a tripulação e a torre acomodados na parte traseira do carro. O motorista a direita fica isolado da tripulação por uma parede blindada, embora possa acessar seu posto pelo compartimento de combate. Por fim optou-se por componentes já testados no deserto sempre que possível. O motor escolhido foi Teledyne Continental AVDS-1790-5AV12 de 900 hp a 2.400 rpm, acoplado a uma transmissão Allison CD-850-6BX, já usado nos M-60 e M-48, além do Centurion ali repotenciados. Como não poderia deixar de ser a blindagem espessa elevou o peso do carro, limitando sua velocidade da 46 km/h (72 km/h no Leopard II alemão). Rodas, suspensão e lagartas eram as mesmas do Centurion inglês, já usado por Israel. Pesando 63 toneladas tem uma relação peso/potência de 14 hp/ton. A substituição do conjunto de força pode ser feita em campo em cerca de 60 minutos. O carro é apoiado sobre seis rodas que rodam dentro da lagarta, sendo a polia tratora a frente e a tensora atrás, com quatro roletes de retorno, sendo cada roda suspensa por uma mola helicoidal e dois braços de suspensão, com pressão sobre o solo de 0,9 kg/cm2.

Construiu-se então um carro de combate extremamente resistente, embora lento, que enfrentou com eficiência os novíssimos T-72 soviéticos em combates no Líbano em 1982. Além da tradicional escotilha superior, o Merkava conta com uma escotilha no compartimento de combate pela traseira, o que permite a tripulação abandonar o carro em segurança quando sob fogo, podendo ainda, com igual segurança recolher feridos e tripulantes de outros tanques. Devido a configuração de VCTP (tal qual o TAM argentino) com motor a frente, o chassi do Merkava pode ser utilizado para outros usos como transportador de tropas, veículo de comando, e outros. Mede 8,68 m de comprimento; 3,7 m de largura e 2,75 m de altura; com distância do solo de 0,47 m. Carrega 1250 litros de combustível para uma autonomia de 400 km. Pode superar rampas de 70% e operar com inclinação lateral de 38%.




O blindagem é fundida e soldada, com placas espaçadas, sendo este espaço preenchido com óleo combustível, que ameniza o efeito do impacto de projéteis explosivos. O canhão é uma versão israelense do Vickers L7 inglês, denominada M64, de 105 mm com luva térmica, capaz de disparar projéteis HEAT, HESH, APFSDS e de fósforo, sendo todo o conjunto estabilizado por um sistema Cadilac Gage dos EUA. Elevação de 20º e depressão de 8,5º e alcance de 6 km. Transporta ainda um morteiro Soltam de 60 mm. Possui Telêmetro laser  que pode ser usado pelo atirador e pelo comandante e computador balístico alimentado manualmente. Sensores medem a velocidade do vento, o ângulo do canhão, a temperatura da carga e a densidade do ar. Possui ainda faróis infravermelhos e armazena 86 projéteis, que ficam em compartimentos isolados da tripulação. um sistema informatizado de logística controla o consumo de munição. O veículo possui ainda ar condicionado, sistema de combate a incêndio e sistema de distribuição de água a tripulação, todos de uma importância significativa nas condições escaldantes do deserto.




O Modelo Mk.2 incorporou os ensinamentos colhidos na guerra do Líbano, e entrou em serviço em abril de 1983. Foi dada ênfase a guerra urbana e conflitos de baixa intensidade, mas o carro permaneceu basicamente o mesmo. Um novo morteiro, agora interno com disparo remoto evitou a exposição dos tripulantes a armas de fogo leves. A parte traseira da torre recebeu maior proteção anti-rojão (anti-RPG), A transmissão passou a ser totalmente automática e a capacidade de armazenamento de combustível foi aumentada. Houveram aperfeiçoamentos no sistema de controle de fogo como sensores meteorológicos de mensuração de vento lateral alimentando o computador balístico. Foram introduzidos novos instrumentos de observação com sistemas de amplificação de imagens e instrumentos termográficos. O MK.2B teve seu sistema de observação termal e controle de fogo aperfeiçoado. O Mk.2C recebeu melhorias na blindagem da torre. O Mk.2D teve a incorporação de blindagem modular com especificações não divulgadas. Foi produzido até 1989 com cerca de 580 unidades.

O Modelo Mk.3 teve o canhão substituído por um modelo de 120 mm fabricada pela IMI capaza de disparar a Lahat ATGM, com culatra rotativa de 10 cargas. Incorporou ainda um novo motor MTU turbodiesel de 1200 hp e nova transmissão, aumentando a velocidade para 60 km/h. Pequenas melhorias foram adicionadas com o tempo. Foi produzido de 1989 a 2002 e cerca de 780 unidades foram construídas. O Mk.3 Baz são melhorias adicionadas a séries mais antigas como nova blindagem composta, sistema de controle de fogo que permite engajar vários alvos em movimento, proteção NBC e melhor ar-condicionado de construção local. O Mk.3 Dor Dalet incorporou novas lagartas e armamento secundário controlado remotamente.



O Modelo Mk.4 incorporou as melhorias das modificações Baz e Dor Dalet. O canhão MG253 foi atualizado para disparar todos os últimos tipos de munição, inclusive APDSFS. A blindagem foi melhorada no topo da torre e na parte inferior, com perfil em V para proteção antiminas. Sistema de redução de assinatura térmica desenvolvidos para o IAI Lavi foram incorporados. Entrou em serviços em 2004. Possui um motor General Dynamics GD 833 V12 de 1500 hp, derivado do MTU alemão, produzido sob licença e velocidade de 64 km/h. O sistema de controle de fogo possui um sistema de TV de 2ª geração com rastreador térmico, visor noturno e telêmetro laser com capacidade de engajamento de aeronaves. Possui um sistema operacional integrado com enlace de dados e guerra centrada em redes. Possui ainda um sofisticados sistema de cãmeras e telas para visualização de exteriores.












terça-feira, 21 de abril de 2015

Oshkosh M1070 HET (4)



A introdução do MBT M1A1 Abrams em serviços no US Army tornou os transportadores de tanques então existentes nesta força incapazes de suportar o peso extra destes veículos. Desta necessidade o US Army adjudicou a Oshkosh Truck Corporation um contrato para desenvolver e fabricar um novo trator que atendesse a demanda. Deste contrato nasceu o M1070 Heavy Equipment Transporter com uma encomenda inicial de 522 unidades a partir de julho de 1992. Este veículo substituiu o M911 HET em serviço no US Army.

O M1070 HET é um trator militar para carretas/pranchas destinadas a transportar carros de combate pesados, com tração 8x8 ou 6x6 capaz de cumprir sua missão em qualquer tipo de terreno. Possui funcionalidades avançadas como o controle eletrônico do motor, suspensão traseira otimizada para três eixos tratores traseiros para contato permanente com o solo, capaz de absorver choque violentos, sistema de enchimento central dos pneus (CTIS). Pode transportar além do veículo-carga a sua tripulação, o que não estava previsto no modelo que substituiu.



O motor é um Detroit Diesel 8V92TA-90 a diesel com 500 hp acoplado a uma transmissão automática. Possui sistema de direção que sincroniza as rodas dianteiras  e traseiras para melhor maneabilidade em espaços limitados. Possui guinchos de carga de 25 toneladas possuem guinchos auxiliares para manuseio de cabos e uso geral. Pode ser transportado em aeronaves C-17 ou C-5. Pesa 18,59 ton (46 ton com semi-reboque), pode transportar uma carga de até 70 ton, mede 9,49 m de comprimento, 2,59 m (3,67 com espelhos) de largura e 3,96 m de altura, e distância do solo de 0,40 m. Além do MBT padrão dos EUA, pode transportar ainda todos os outros veículos do exército como obuseiros autopropulsados, equipamentos de engenharia, veículos em geral e outras cargas pesadas. Desenvolve uma velocidade em estrada de 72 km/h e autonomia de 520 km. Pode trafegar carregado em um gradiente de inclinação de 15% e transpor vaus de 0,71 m, e raio de curvatura 30,5 m. O semi-reboque de transporte é o modelo M1000 de 15,8 m de comprimento, 3,02 m de largura (3,68 de parachoque), com cinco eixos e 40 pneus 215 x75R17.5. 



O M1070A1 (HET A1) é uma versão que incorpora melhorias como freios ABS, controle de tração e cabine blindada integral, além de motor mais potente Caterpillar C-18 de 700 hp a 1300 rpm, transmissão automática Allison 4800SP, ar condicionado e sistemas atualizados. Começaram a ser entregues em 2012 e vão substituir os modelos mais antigos. O M1070F está em serviço com o British Army desde 2001. Possuem pneus Michielin 425/95 (16.00 R20) (Reino Unido).









Nahuel D.L.43 (3)


Devido a dificuldade dos argentinos em adquirirem carros de combate durante a II guerra mundial, devido a sua neutralidade e mesmo indisponibilidade dos tradicionais fornecedores, foi decidido a implementação do desenvolvimento nacional de um carro de combate médio a partir de 1945. Procurou-se desenvolver um projeto que contemplasse ao máximo os componentes de produção local, dentro da realidade do parque industrial deste país.

Denominado Nahuel D.L.43, e obviamente inspirado no Sherman norte-americano, foi equipado com lagartas, roletes, motor, caixa de marchas e outros componentes importados dos estados Unidos. Possuía blindagem inclinada de 80 mm a frente e linhas modernas para a época. Seu armamento era fraco: um canhão Krupp L.30 1909 de 75 mm, com alcance de 7.700 m e cadência de 20 tpm. Foram produzidos apenas 16 exemplares, e com o fim da guerra uma grande quantidade de de carros de combate novos e a preços atraentes ficou disponível. As autoridades argentinas deram preferência ao Sherman Firefly do qual adquiriram 120 unidades equipadas como canhão de 76 mm (17 libras) inglês. Desta forma a produção do Nahuel foi interrompida. 


O motor era um Lorraine-Dietrich 12 EB com 12 cilindros em V e 450 hp feito pela Military Airplane Factory entre 1931 e 1932 para impulsionar o caça Dewoitine D21. Foi acoplado um transmissão hidráulica de cinco velocidades, quatro à frente e uma à ré. O chassi e suspensão eram equipados com duas polias motoras frontais e duas tensoras e três boogies de rodas de apoio duplas de cada lado,além de cinco pares de roletas de retorno. Este conjunto permitiu-lhe atingir uma velocidade de 64 km/h e superar obstáculos com um gradiente de até 30º. Possuia autonomia de 250 km.





segunda-feira, 20 de abril de 2015

TAM - Tanque Argentino Médio (2)


O TAM é o carro de combate padrão do Ejército Argentino, desenvolvido a partir do modelo alemão Rheinstahl Marder, por uma equipe de engenheiros argentinos e alemães. Seu desenvolvimento começou em 1974 e resultou na construção de 3 protótipos, sendo que a produção seriada se deu a partir de 1979 pela TAMSE, fundada pelo governo argentino com o propósito de produzir este modelo. Dificuldades econômicas interromperam a produção em 1986, com 256 entregues. Foi retomada em 1994 com um total de 657 veículos de todos os modelos, sendo 376 TAM, 216 VCTP, 50 VCTM e 15 AAH.

Na década de 1960, o Ejército Argentino sentiu a necessidade de substituir sua frota de blindados por modelos mais modernos, na época composta por modelos M4 Sherman e Sherman Firefly. O primeiro passo para a renovação da frota blindada portenha foi a compra de 70 caças-tanques franceses AMX-13/105, que não satisfez as exigências dos generais daquele país. Diante desta experiência o estado-maior do Ejército Argentino desenvolveu uma nova pré-seleção para definir o novo carro de combate. Foram considerados o Leopard 1 alemão e o AMX-30 francês, ambos tidos como leves, bem protegidos e com boa mobilidade. O M-60 norte-americano foi considerado pesado, sem autonomia necessária, lento, e mais caro para comprar e manter. Após avaliações todos os candidatos foram rejeitados, e partiu-se para a busca de um modelo que cumprisse os requisitos operacionais para a constituição de uma nova família de blindados.



Buscando o desenvolvimento da industria nacional o governo argentino partiu em busca de fornecedores para desenvolvimento conjuntos e transferência de tecnologia, devido a falta de recursos para desenvolvimentos próprios e também pela inexperiência neste tipo de empreendimento. Muito embora os argentinos tivessem projetado na década de 40 o modelo Nahuel DL-43, projetar um veículo moderno era inviável para a realidade local, pela ausência de oficinas e instalações tecnológicas adequadas. Por fim foi assinado um acordo com o grupo alemão que desenvolveria o TH-301, uma versão modificada do Marder, com engenheiros argentinos trabalhando na alemanha junto aos locais, para a efetivação da transferência de tecnologia.

Desenvolveram-se duas versões básicas solicitadas pelos generais argentinos. A primeira um tanque médio de 30 toneladas com canhão de 105 mm, e a segunda um VCTP dotado de uma torre de 20 mm para transporte de infantaria. As avaliações transcorreram em 2 anos, quando foram efetivados testes diversos, cobrindo 10.000 km, do sopé da Cordilheira dos Andes até 4.560 m acima do nível do mar, na planície central e no deserto da Patagônia, com temperaturas até -15°C, bem como nas florestas tropicais do norte mais 38°C. Depois de mais de 1.400 testes e modificações de vários tipos foi dada luz verde para a produção do primeiro lote.





Durante anos o TAM foi o melhor tanque na região, sendo seus adversários diretos o M51 "Super Sherman", AMX-30B e M41 chilenos e os M41C brasileiros. Exceção ao AMX-30B, embora numericamente inferior, não havia tanque comparável ao TAM. Em meados da década de 1990, a situação se equilibrou com a introdução Leopard1A1 e A5 e M-60A3TTS brasileiros e Leopard1V chilenos. Em 2005, com a entrada em serviço do Leopard2A4 no Ejército de Chile, a balança pendeu para este provocando um desequilíbrio real em nível regional.

Fora dada ênfase a padronização. Com uma família de veículos sobre chassi único, manutenção e treinamento seriam maximizados, além de logística de campo e economia de escala. Os requisitos básicos foram:
  • Canhão de 105 mm ou superior;
  • Alta velocidade e manobrabilidade;
  • Autonomia no asfalto de mais de 500 km sem tanques externos;
  • Peso de 35 toneladas ou menos, em ordem de combate;
  • Sistema de controle de fogo de última geração;
  • Operar em todas as regiões do país, montanha até 4.500 metros acima do nível do mar, floresta tropical, deserto da Patagônia e planícies desertas.
Exceto o motor, a transmissão e o controle de incêndio, o carro é todo produzido por empresas argentinas. Os elementos essenciais do veículo: sistemas de blindagem, armas e comunicações, foram feitos no país, com projeto nacional ou fabricados sob licença.




Seguindo a configuração já existente no modelo Marder o motor foi mantido a frente do lado direito e motorista do lado esquerdo, configuração incomum para um carro de combate que normalmente tem o motor na parte de trás, também adotada no modelo Merkava israelense. Esta disposição oferece a tripulação uma proteção extra contra disparos que impactam a parte frontal, pois além da blindagem o projétil encontrará o motor em seu caminho. Sua blindagem é composta de uma liga de aço-níquel-molibdênio, considerada fraca se comparada a outros carros de combate, podendo segundo se sabe enfrentar projéteis de 40 mm, medindo cerca de 50 mm na dianteira e 35 mm nas laterais, com 12 mm na torre. Esta deficiência é compensada em parte pela baixa silhueta do veículo e sua grande mobilidade. O trem de rolamento é composto por 6 pares de rodas de apoio, além de uma polia tratora da lagarta e uma polia tensora montada a frente junto ao trem de força, além de 3 pares de rodízios de retorno. A suspensão é composta por 12 barras de torção e 8 amortecedores, com dispositivos para redução de ruído. As lagartas podem ainda ser equipadas com acessórios em forma de X para rolamento em terrenos congelados e neves, de metal em substituição à borracha. Mede 6,78 m de comprimento; 3,12 m de largura e 2,42 m de altura.

O trem de força é a grande diferença em comparação com o Marder, composto por um motor diesel MTU MB833 Ka500 turboalimentado e 4 tempos, 720 cv a 2.400 rpm, com 6 cilindros em V, 22,4 Litros e injeção direta, acoplado a uma transmissão HSWL-204 com 4 marchas a frente e 4 a ré. Graças ao seu baixo peso, o TAM tem excelente mobilidade, proporcionada por uma elevada relação peso/potência de 24HP/ton e pressão sobre o solo de 0,77 kg/cm². Possui autonomia de 550 km e capacidade interna de combustível de 680 litros, podendo ser aumentada para 900 km, com dois tanques descartáveis de 200 litros cada. Pode transpor vaus de até 1,4 m sem preparo, 2,5 m com um sistema hidráulico e 4 m com um snorkel semelhantes ao da série Leopard. O Carro pesa 29 ton vazio e 32 ton em condições operacionais. Cruza a uma velocidade de 72 km/h na estrada e 40 km/h em terreno despreparado, com limitada capacidade para disparar em movimento devido a torre estabilizada.




Seu armamento principal é uma versão argentina do canhão L7A3 de 105 mm, 28 raias a direita e 18 calibres, sem luva térmica, sendo que as primeira unidades utilizavam uma versão alemã. É feita de um tubo de aço forjado sem freio de boca, com alcance de 2.500 m. O disparo é elétrico e o fechamento da cunha vertical, podendo disparar de -7º a +18º, com a torre girando 360º por acionamento eletro-hidráulico, estabilizada em 2 eixos com comando duplo. Pode disparar projéteis APFSDS-T, APDS-T, HEAT-T, HESH-T. Possui lançadores de fumígenos de 88 mm em 4 tubos de cada lado da torre. Pode transportar 50 projéteis, 30 no chassi e 20 na torre. O controle de fogo é disponibilizado por um telêmetro laser de 8x de terceira geração e 9,9 km, e um periscópio panorâmico Zeiss/RTA com ampliação de 8x e campo visual de 30º, podendo ser alinhado com o armamento principal e se sobre por a mira do atirador. Um computador balístico produzido pela AEG Telefunken realiza o cálculo e correções de acordo com cada tipo de munição, distância do alvo e posição da torre. Está conectado ao sistema de estabilização do armamento principal, sendo os dados introduzidos manualmente pelo operador.






O TAM despertou o interesse de alguns países como o Perú que chegou a encomendar 20 TAM e 26 VCTP mas teve seu pedido cancelado por razões orçamentárias, sendo estes veículos absorvidos pelo Ejército Argentino. O pedido do Panamá não se concretizou pela invasão dos EUA. O Irã manifestou intenção para mais de 1000 exemplares, porém a venda foi embargada pela Alemanha que produzia parte do veículo. O Iraque interessou-se por 400 exemplares e novamente pressões internacionais frustraram o negócio. Cabe salientar que as condições do oriente médio não são as ideais para o TAM que é um carro levemente blindado. Este interesse provavelmente seja uma alternativa possível para estes países que viviam sob embargo econômico. Arábia Saudita, Kwait e equador também demonstraram interesse, porém sem continuidade. O projeto do TAM revelo-se eficiente e bem sucedido e com potencial de crescimento, porém seu chassi baseado em um veículo de combate de infantaria e a dependência da Alemanha para sua comercialização impediram que fosse além das fronteiras argentinas.




Em 2013 o Ejército Argentino e a Elbit de Israel apresentaram o protótipo do TAM 2C, projeto que visa a modernização deste carro, cujo estado de manutenção se encontra em estado crítico. Trata-se de um ambicioso programa de modernização que o equiparará aos Leopard 1 brasileiros em poder de fogo, porém o manterá inferior aos Leopard 2 chilenos, principalmente em proteção blindada. Não foi mencionado nenhum reforço de sua proteção blindada além de saias laterais, porém acredita-se que em uma segunda fase tal ítem seja adicionado. Devido as características de solo fofo do pampa argentino, qualquer aumento de peso tem que ser cuidadosamente avaliado . As principais características deste projeto de "upgrade" são:
  • Camisa Térmica para o canhão;
  • Torre e canhão com acionamento elétrico;
  • Sistema C2, de comunicações  e interfone integrados;
  • Direção e controle de fogo digitalizado;
  • Detector e mira laser;
  • Rastreamento automático de alvos;
  • Visor termográfico para o comandante e  atirador;
  • Sistema termográfico para o motorista;
  • Sistema anti-incêndio automático no compartimento da tripulação.
  • Instalação de uma APU;

Foi mencianada ainda a possibilidade de disparo do missil LAHAT desenvolvido pela IAI, com capacidade de tiro indireto e certa capacidade contra helicópteros. Será possível também o disparo em movimento a media velocidade. 



Versões:
  • VCA 155: utiliza um chassis pesado de 40 toneladas com 7 rodas de apoio, com uma torre Palmaria italiana armada com uma peça de artilharia de 155 mm. 17 exemplares;
  • VC AMUN: municiador de artilharia. Capaz de transportar 80 projeteis de 155 mm e reabastecer um VCA em 10 minutos;
  • VCRT: logístico;
  • VCDA: Defesa aérea com 2 canhões de 30 ou 35 mm;
  • VCLC: lancador múltiplo de artilharia, utiliza projeteis "CAL-160" o "CAL-350", versões locais dos israelenses LAR-160 e MAR-350;
  • VCPC: posto de comando;
  • VCRT: veículo de reboque e salvamento;
  • VCLP: lança-pontes;
  • VCTM: porta-morteiro com uma peça de 120 mm;
  • VCLM: lancador do míssil Roland 2;
  • VCTP: Transporte de pessoal, armado com uma canhão automático RH-202 de 20 mm. Pode transportar 10 soldados com acesso por rampa traseira e podem disparar por seteiras no casco. Em serviço;
  • VCA: ambulância.