quarta-feira, 23 de março de 2016

P16 Schneider AMC (35)


O P16 Schneider AMC foi desenvolvido como um substituto melhorado do P4T 10CV "Modèle 1923", desenvolvido pela Citroen francesa e do qual foram construídas apenas 16 unidades, devido a suas limitações. A denominação AMC é derivada da expressão "auto mitrailleuse de combate" (metralhadora autopropulsada) que foi criada para burlar uma lei da época que proibia a cavalaria de usar carros de combate em 1922. O conceito do veículo semi-lagarta foi desenvolvido pelo engenheiro russo Adolphe Kégresse, e proporcionou  às unidades militares um meio dotado de excelente mobilidade para a época, através de uma esteira de metal emborrachado capaz de transpor terreno difíceis.

O P16 AMC foi construído para equipar as fileiras da cavalaria francesa, cujas unidades de pré-série foram completadas em 1925 como modelos M23 mais largos e potentes, designados M28. Eram dotados de um sistema Kégresse com polia tratora a frente e tensora atrás que também atuavam como rodas de apoio, em conjuntos com 2 bogies duplos com rodas menores emborrachadas no centro, com apenas 1 rolete de retorno. Contava com um conjunto de rodas direcionais de tamanho usual à frente, como característico de veículos deste tipo.



O chassi era dotado de uma armadura construída pela Schneider com 11,4 mm de espessura máxima, capaz de fornecer proteção contra armas de infantaria. estava potenciado com um motor Panhard P16 de 4 cilindros e 3178 cc a gasolina, refrigerado a ar e desenvolvendo 60 hp. Podia rodar a 50 km/h na estrada e 28 km/h fora dela, dependendo do tipo de terreno graças ao seu baixo peso e suspensão de bom desempenho, podendo alcançar até 250 km com seu tanque de 100 l. Podia transpor obstáculos de 0,4 m e alçar rampas com o gradiente de 40%, com seus 2 motoristas sentando-se lado a lado e equipados com direção redundante. O comandante do carro ocupava uma torre a retaguarda onde dispunha de um canhão de 37 mm e uma metralhadora Hotchkiss de 7,9 mm, em pontarias opostas. Media 4,83 m de comprimento; 1,75 m de largura e 2,6 m de altura; pesava 6,8 ton.

O M29 foi o modelo de produção, que adicionou um rolo dianteiro para superação de obstáculos de 0,5 m, além de mais um rolete de retorno da lagarta. A torre foi modificada mantendo o canhão principal e uma metralhadora coaxial de 7,5 mm. Carregava 60 cargas de HE e 40 antipessoal com mais 300 cartuchos de metralhadora com projéteis perfurantes para até 12 mm de armadura. 2 caixas laterais de armazenamento foram adicionadas na forma de paralamas, com 96 unidades entregues ao exército francês entre 1930 e 31, servindo até 1940.




Em 1932 os P16 equipavam 8 esquadrões de reconhecimento em 4 divisões. em 1937 começaram a ser substituídos pelo SOMUA S35s, com 14 unidades ainda servindo na Tunísia e o restante redistribuído a unidades de infantaria nas funções de apoio e reconhecimento. Estima-se que 54 estavam disponíveis em 1940 na Batalha da França, tendo lutado satisfatoriamente e posteriormente abandonados devido ao stress de combate. Nenhum foi capturado ou preservado.


segunda-feira, 14 de março de 2016

M41 Walker Bulldog (34)


O carro de combate M41 Walker Bulldog foi concebido na forma de um tanque leve para substituir o M24 Chaffee, projeto bem sucedido mas considerado sub-armado para enfrentar os T-34 na Guerra da Coréia. Ágil e bem armado, este projeto não cumpriu seu intento de aerotransportabilidade pelos meios da época, e embora destinado a cumprir missões de esclarecimento, o US Army o queria dotado de uma arma poderosa.

Sua produção começou em 1951, dotando o exército americano de um veículo barulhento e beberrão, que teve seu batismo de fogo de forma limitada antes mesmo de concluir a maioria de seus testes de pré-produção para fazer frente aos T-34 da Coréia do Norte, nitidamente superiores ao M24. Em 1961 as forças japonesas receberam 150 exemplares.





A partir de 1965 começou a integrar as fileiras do Exército da República do Vietnam, compondo 5 esquadrões e atuando na guerra que acontecia neste país, substituindo os M24 lá existentes. Popularizou-se imediatamente junto aos seus tripulantes asiáticos, que devido a sua pequena estatura o consideraram bem dimensionado, ao contrário das tripulações norte-americanas que o consideravam apertado. Seu sucesso, além das características já mencionadas, se deveu a sua confiabilidade mecânica, simplicidade e excelente dirigibilidade. Enfrentaram com sucesso neste conflito modelos T-54 e PT-76. Em 1973 cerca de 200 unidades estavam em serviço neste país.

Equipou ainda as forças do Exército Brasileiro com cerca de 340 unidades, onde sofreu modificações locais e permaneceu por longo período. A partir de 1997 o EB iniciou sua substituição pelo modelo Leopard I alemão, estando próxima sua conclusão com a substituição total dos modelos M41. Esteve em serviço ainda na Espanha com 180 unidades, Chile com 60, República Dominicana com 12, Guatemala e Nova Zelândia 10 cada, Somália com 10, Filipinas com 7, Taiwan com 675, Tailândia com 200, Tunísia com 10 e Líbano com 20. Muitos ainda estão em serviço. O Uruguai opera modelos de 90 mm e motor Scania diesel modificados no Brasil, mais 24 unidades de características semelhantes doados por este país. Foi operado ainda pela Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Jordânia e África do Sul.



Nos EUA sua substituição foi pelo M551 Sheridan com casco de alumínio, canhão de 152 mm capaz de disparar mísseis anticarro para fazer frente a carros de combate pesados, e capacidade de aerotransporte e transposição anfíbia. Seu chassi serviu de base para o M42 Duster antiaéreo e o M75 APC, sendo que os modelos SPG M44 e M52 usaram muitos de seus componentes.

O M41 é um carro de combate leve, pesando 23,5 ton e equipado com um motor Continental AOS-895-3 de 6 cilindros a gasolina e 500 hp, produzindo uma relação potência/peso de 21,3 hp/ton. Ostentando uma blindagem máxima de 38 mm na parte frontal; mede 5,819 m de comprimento; 3,2 m de largura e 2,71 m de altura; sendo tripulado pelos tradicionais 4 integrantes como na maioria dos carros de combate. Está apoiado sobre uma suspensão do tipo barras de torção, com 5 pares de rodas que giram dentro de um par de lagartas com polia tensora a frente e tratora atrás junto ao trem de força. Seu alcance está limitado a parcos 161 km e pode atingir na estrada uma velocidade de 72 km/h. Está artilhado com um canhão principal M32 de 76 mm; uma metralhadora de de 12,7 mm no alto da torre para fogo antiaéreo e uma metralhadora de 7,62 mm para emprego geral.


O modelo brasileiro sofreu grandes modificações pela indústria local, com o objetivo de nacionalizar componentes e reduzir a dependência externa, além de sanar deficiências do veículo original. Foram instalados motores diesel Scania V8 DS14, com alongamento da parte traseira do veículo, acarretando em uma série de consequências inesperadas, que com a mudança do centro de gravidade, resultou em desgaste prematuro das lagartas , quebra frequente do eixo de transmissão, problemas nunca resolvidos. Este modelo designado M41B não agradou e logo o M41C foi implementado com a adição blindagens frontais, periscópios nacionais e um canhão de 90 mm com a utilização do tubo original usinado, substituição das lagartas e colocação de saias laterais, além de outras modificações menores, mesmo assim deixou a desejar. A grande vantagem desta modificação foi a troca do dispendioso motor a gasolina de alto consumo pelo modelo nacional que proporcionou um alcance ao carro de 550 km, frente aos 161 originais.


sábado, 5 de março de 2016

OF-40 (33)



O OF-40 é uma iniciativa italiana de construção de um MBT conjunta da OTO Melara e FIAT destinado ao mercado de exportação, que logrou um único contrato junto aos Emirados Árabes Unidos, iniciado em 1977 com o primeiro protótipo concluído em 1980. Foi produzido entre 1981 e 1985 em pequena escala devido a encomenda única inferior a 40 unidades.

O projeto é fruto da produção sob licença do MBT alemão Leopard I pelo OTO Melara, com o qual compartilha alguns componentes. Possui a configuração de um carro de combate convencional de sua época, com a torre montada ao centro do veículo e motorista a direita da parte anterior do chassi, com munição de 42 cargas e sistema NBC localizados a sua direita, estando outras 15 cargas disponíveis na torre, totalizando 57. O comandante e o atirador se posicionam a direita da torre e o municiador a direita, totalizando 4 tripulantes.



Está equipado com um canhão raiado L7 de 105 mm e 52 calibres inglês com manga térmica e culatra semi-automática, não estabilizado nos protótipos, fabricado sob licença e metralhadoras 7,62 mm, uma coaxial e outra antiaérea montada na torre a disposição do comandante do carro. O controle de fogo é fornecido pela Officine Gallileo, o comandante dispõem com visores panorâmicos estabilizados VS 580-B 8x com capacidade noturna franceses da SFIM. O artilheiro conta com uma luneta telescópica C125 8x alinhado a um telêmetro laser Selenia VAQ-33 com alcance de 400 a 10.000 m.

Pesa 45,5 ton e está equipado com um motor alemão MTU MB 838 M500 V10 de 830 hp turboalimentado multicombustível, contado com uma relação potência/peso de 18,24 hp/ton, podendo alcançar uma velocidade de 60 km/h. Está apoiado sobre um suspensão do tipo barras de torção com amortecedores hidráulicos e de fricção, e 7 pares de rodas que rodam dentro da lagarta com polia tensora a frente a polia tratora na retaguarda junto ao trem de força. Seu tanque de combustível comporta 1000 litros de óleo diesel que o permite um autonomia de 600 km.

Mede 9,22 m de comprimento; 3,51 m de largura 3 2,45 m de altura, e distância do solo de 0,44 m. Pode atravessar vaus utilizando-se de snorkel e possui 2 bombas para esgotamento de água infiltrada. 

Foram produzidas as versões Mk.2 para os Emirados (upgrade) com sistema de controle de incêndio melhorado, arma estabilizadas e sensores melhorados, luneta do artilheiro com 14x e câmera LLLTV na torre para visão noturna. a versão ARV para recuperação com guindaste para 18 ton e guinchos para 35 ton, lâmina niveladora e kit de soldagem. a versão SPAAG antiaérea não foi produzida e era semelhante ao Guepard. A versão Palmaria consistia de um SPG com 210 unidades para a Líbia e 40 para a Nigéria, com a Argentina usando suas torres em seu chassi TAM para seu SPG local. O Otomatic foi outra versão antiaérea proposta com canhão único OTO Melara.


sexta-feira, 4 de março de 2016

M1 Abrams (32)


O M1 Abrams é o MBT padrão das forças blindadas do US Army e US Marine Corps, equipando também os exércitos de países aliados, como o Egito, Arábia Saudita, Austrália e Kuwait. É considerado um dos mais eficientes MBTs da atualidade, seja pelo protagonismo dos EUA no cenário mundial ou pela sua participação intensa nas campanhas em que está ou esteve envolvido, contabilizando larga experiência de combate. Ele se propõem a rivalizar de frente com qualquer outro similar existente no mundo, destruindo seus adversários e protegendo sua tripulação em todos os cenários concebíveis até então.

Pode atuar em qualquer condição meteorológica, de dia ou a noite em campo de batalha não linear, como é característica dos conflitos recentes, oferecendo aos seus tripulantes poder de fogo, capacidade de manobra e proteção blindada através do uso de sistemas inteligentes de fusão de dados digitais que oferecem alto nível de consciência situacional.

Desde 1980, quando entrou em serviço, 3 versões diferentes foram postas em serviço, sendo o M1 original e seus aperfeiçoamentos M1A1 e M1A2, sendo que mais de 8.800 unidades das três versões já foram entregues aos seus operadores. 

O modelo M1A1, produzido de 1985 a 1993, substituiu o canhão principal de 105 mm da versão anterior por uma peça de 120 mm, além de outras melhorias na suspensão, nova torre, blindagem mais eficaz e sistemas NBC melhorados. A versão A2 incorpora ainda dispositivo de visão IR para o comandante do carro, e sistemas de consciência situacional integrados aos demais veículos da unidade e escalão superior, consolidando o conceito de armas combinadas dentro do conceito de NCW. O US Army está convertendo os modelos M1 em M1A2, ao invés de encomendar novas unidades. Um sistema de mira FLIR e C2 digital também está sendo incorporado.


M1
M1A1
M1A2
Comprimento:
9,77 m
9,83 m
Largura:
3,66 m
Altura:
2,37 m
2,43 m
Velocidade máxima:
72 km/h
67 km/h
Velocidade off-road:
49 km/h
Velocidade aclive 10%:
32 km/h
27 km/h
Velocidade aclive 60%
7,2 km/h
6,6 km/h
Aceleração 0-32 km/h
7 s
7,2 s
Autonomia:
442 km
426 km
Peso:
60 ton
67,6 ton
68,7 ton
Armamento:
M68 A1 105 mm raiado
M256 120 mm liso
Tripulação:
4
Altura do solo:
0,48 m
Pressão sobre o solo:
13,1 psi
13,8 psi
15,4 psi
Trincheira:
1,24 m
1,07 m
Obstáculo vertical:

Motor
Turbina à gás AGT-1500 de 1.500 hp
Relação potência-peso:
25 hp/ton
23,8 hp/ton
21,6 hp/ton
Transmissão:
Hidrocinética 4 marchas a frente a 2 a ré

Em serviço desde 1980, teve seu batismo de fogo quando em agosto de 1990 quando os EUA fizeram frente a invasão do Kuwait pelas forças iraquianas, onde pairavam dúvidas sobre sua capacidade operacional longe de suas instalações de manutenção de tempos de paz e sob o inclemente assédio da abrasão do deserto por meses a fio, bem como da resistência das antenas da torre. Sua logística se mostrou complicada devido ao seu alto peso de mais de 60 ton, tendo na campanha do Kuwait os cargueiros C-5 Galaxy podido transportar apenas 1 unidade por viagem, sendo que em sua maioria foram transportados por navios, demonstrando pouca mobilidade estratégica, característica também de outros carros de combate de peso superior.





Os modelos M1 estão equipados com uma turbina a gás Lycoming Textron de 1.500 hp, acoplados a uma transmissão hidrocinética Allison com 4 marchas a frente e 2 a ré, podendo cruzar até 442 km sem reabastecimento atingindo uma velocidade máxima de 72 km/h. Seu armamento principal é um canhão raiado de 105 mm, com capacidade de fogo tando diurno como noturno dotado de computador balístico digital. Combustível e munição possuem compartimentos protegidos melhorando a capacidade de sobrevivência da tripulação, e o casco dotado de armadura baseada na tecnologia Chobham britânica, podendo ter adições de blindagem reativa, se necessário.

A Guerra do Kuwait foi a oportunidade para se avaliar o desempenho do M1A1 em situação real pois enfrentou os carros russos T-72 com canhão de 125 mm e tecnologia similar, que se mostrou inferior e mais próximo ao M-60, e outros carros mais antigos como os T-62 e T-54, nitidamente inferiores. Sua capacidade de disparar em movimento mesmo em terreno acidentado graças ao canhão estabilizado, com seus dispositivos de visão térmica que permitiam ver a noite, ou sob fumaça e poeira. Pouco tanques foram inutilizados, principalmente para minas, porém nenhum tripulante foi perdido, houveram poucas falhas mecânicas e sua disponibilidade se manteve em 90%, sem precedentes.

O M1A1 é o primeiro aperfeiçoamento do M1, que incorporou uma canhão Rheinmetall de alma lisa e 120 mm M256, que demonstrou precisão a 4.000 m no Iraque, disparando munição APFSDS de urânio empobrecido, com densidade 2,5x maior que o aço e características de penetração superiores. Carrega ainda uma metralhadora de 12,7 mm para o comandante e uma de 7,62 mm para o carregador, além de uma coaxial de 7,62 mm. O comandante do carro dispõem de 6 periscópios para visão 360°, visualizador térmico independente, designação de alvos digital, podendo o comandante disparar o canhão. O imageador térmico exibe suas imagens na ocular do atirador, os dados do telêmetro laser e de velocidade e direção do vento, e nivelamento são transferidos diretamente para o computador balístico, e os dados de tipo de munição, temperatura ambiente e pressão barométrica são alimentados manualmente, que de posse deles calcula a solução de tiro.




O carregador posiciona-se no lado esquerdo da torre e não tem equipamentos de fogo. O motorista possui 3 periscópios com o central equipado com intensificador noturnos, e permitem manobras a noite e com poeira e fumaça.

A torre conta com 2 lançadores de fumígenos M250 de 6 canos, um em cada lado, com granadas de fósforo que mascara assinatura térmica. Possui sistema anti-incêndio e sistema de sobrepressão de ar limpo para proteção NBC, com alertas para agentes nocivos

Os M1A2 estão sendo produzidos a partir de modelos M1 antigos, e sua principal inovação é sua capacidade de comando e controle que resultam no aumento de sua letalidade, que concatena a integração total dos sensores, interface do operador e sistema de armas, dando a consciência situacional semelhante a de um caça moderno, com processadores e monitores de última geração, permitindo alta letalidade e baixo risco de fratricídio. Incorpora uma unidade APU de alta capacidade que permite operar os sistemas com o motor principal desligado. Possui sistema de controle ambiental e alta capacidade de compartilhamento de dados com outras unidades de um sistema da armas combinadas. Seu sistemas estão integrado aos sistemas táticos e logísticos do escalão superior em tempo real, sendo a posição de cada carro constantemente conhecida, conforme os modernos conceitos de NCW.

Foram desenvolvidas ainda o M1A2SEP com sistemas de informação mais apurados e que apresenta as soluções de tiro ao comandante na forma de uma lista de opções de forma automática, bastando a seleção para que o processo se dê de forma totalmente independente dos operadores, aumentando a eficácia pela maior precisão e velocidade de resposta. O Kit TUSK se propõem a disponibilizar um M1 para ambientes de guerra assimétrica com maior proteção a tripulação contra IEDs e operação em ambiente urbano, metralhadora controlada remotamente, módulos de blindagem reativa e a reedição do "telefone do infante", um sistema para comunicação com a tropa a pé.